20
ANOS SEM AYRTON SENNA
Por
Daniel Nápoli
Há exatos 20 anos, no dia 1 de maio de 1994, o piloto
brasileiro tricampeão mundial de Fórmula 1, Ayrton Senna, falecia após perder o
controle e bater a mais de 300km/h com
sua Williams-Renault, em um muro, na curva Tamburello, durante o GP de San
Marino, disputado em Ímola.
Sinômino de sucesso e garra, Senna conquistou ao longo de
sua trajetória na categoria máxima do automobilismo mundial, 41 vitórias, 65
poles positions, além dos mundiais de 1988, 1990 e 1991.
Mesmo duas décadas após seu passamento, Ayrton é lembrado
e admirado por ex-rivais, demais pilotos e fãs ao redor do mundo, que lamentam
a tragédia que levou um piloto que poderia ter vivido mais e conquistado
inúmeros recordes dentro da Fórmula 1.
Para lembrar a data, o Momento do Esporte ouviu três
internautas que acompanharam a carreira do tricampeão mundial, que levava ao
delírio brasileiros e demais fãs ao redor do globo, nas madrugadas, manhãs e
tardes de domingo.
Renato
Lima, jornalista (Sócio-Proprietário da Revista Regional)
“O ano de
1994 foi carregado de fortes emoções. Sem dúvida que as lembranças daquele
domingo, 1º de maio, permanecem vivas até hoje. Eu, assim como outros jovens e
amantes do esporte, não perdia uma única corrida de Fórmula 1 com o Senna na
pista, mas naquele dia não quis acompanhar, talvez por conta do acidente fatal
do dia anterior, quando nos treinos morreu o piloto Roland Ratzenberger, um
austríaco que poucos se recordam ao comentar aquele trágico GP de Ímola. Algo
me dizia que não seria uma corrida normal. Quando me levantei no domingo, o acidente já tinha acontecido e um silêncio assustador tomava conta de tudo, tamanha a gravidade dos fatos. O silêncio estava não somente no autódromo, mas também na casa de cada brasileiro, que, como eu, se perguntava: Como pode? Por que o Senna? Como ele foi bater na maldita curva? Foram algumas horas de silêncio desde as primeiras informações , que a TV trazia do hospital (Maggiore) para onde o piloto havia sido levado, até aquele fatídico plantão da Rede Globo.
Faltavam poucos minutos para as 14h, quando o som da vinheta de plantão soou como uma bomba e quebrou o silêncio de horas. Roberto Cabrini em menos de um minuto dava a notícia: “O coração de Ayrton Senna da Silva parou de bater”. Jovem, vencedor, ídolo e herói. Não apenas eu, mas todos os brasileiros o viam assim. Era cedo demais pra morrer. Foram dias de tristeza e comoção. Não havia quem não chorasse em ver as reportagens na TV e a emoção de centenas de milhares nas ruas se despedindo do maior piloto brasileiro, a maioria com bandeiras do Brasil acenando e chorando.
Arrepio e lágrimas foi ver o jogo do meu São Paulo contra o Palmeiras naquela mesma tarde, quando o Morumbi inteirinho, lotado que estava, fez um tempo de silêncio e logo depois gritou por minutos seguidos o nome do campeão. Lindo e inesquecível. A Canção da América de Milton Nascimento era o hino daquele momento e o Brasil em uníssono dizia: “Qualquer dia amigo eu volto pra te encontrar; qualquer dia amigo, a gente vai se encontrar.” A TV transmitia tudo ao vivo.
Pela primeira vez, eu via a partida de um herói e um cortejo que jamais veremos outro igual no Brasil. Algo que nem os diretores de cinema conseguiriam reproduzir. Dois meses depois, a lembrança ainda era viva quando a seleção brasileira conquistava o tetracampeonato na Copa do Mundo nos EUA. O título era em homenagem a Senna. O sonhado tetra na F-1 vinha no futebol. E o Tema da Vitória voltava a tocar na TV num domingo. 1994: um ano para jamais ser esquecido!”
Edemar
Annuseck, radialista e blogueiro (www.edemarannuseck.blogspot.com)
"Conheci
Ayrton Senna da Silva nos estúdios da Jovem Pan. Ele participou sentado ao meu
lado do Jornal de Esportes após ter conquistado o título da Fórmula 3 (acho que
era isso) Inglesa. Era um cara bem simples, atencioso e a seguir ingressou na
Fórmula 1. Acompanhei quase todas as suas provas, exceto a de 1º de Maio de
1994.
Eu estava
chegando a um restaurante em Araranguá, sul de Santa Catarina para almoçar
quando vi pelas imagens da televisão o que tinha acontecido. Ainda tentei
acompanhar algumas provas do Rubinho e do Massa, mas desisti. Nunca mais (e já
faz uns dois pra três anos), que não
assisto mais e nem escrevo mais sobre a Fórmula 1 em meu blog".
Edilson Rosendo, radialista da Rádio Nova Itu FM
“Aquele primeiro de maio ficou marcado
tragicamente em minha memória. Ali, com Ayrton Senna morreria também a minha
vontade de acompanhar as corridas de fórmula 1. Eu sempre acompanhava as
corridas e Senna era o motivo, aliás, era o motivo do brasileiro acordar cedo e
ficar sentado em frente à televisão nas manhãs de domingo. Parecia
inacreditável que ele tinha batido naquela curva. Sabe quando a gente não
acredita no que os olhos estão vendo? Me senti assim naquele momento trágico.
Não dava pra acreditar que um piloto com a capacidade dele, tenha deixado o
carro seguir praticamente reto na curva.
Depois
aqueles momentos de tensão, expectativas. Senna não se mexia, e nós,
paralisados, torcendo para que ele saísse do cockpit ileso, para continuar a
busca por um novo título. Mas horas depois, veio a triste notícia: Ayrton Senna
seria declarado morto. Triste demais assistir ao vivo pela TV a morte de um
brasileiro, que nos deus tantas alegrias. Ver Senna Campeão, era como ver meu
time (Flamengo) Campeão! Um sentimento que não tenho palavras para descrevê-lo,
apenas consigo senti-lo.”
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